RIOS SEM DISCURSO
JOÃO CABRAL DE MELO NETO
Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quesbra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.
***
O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.
Nunca imites ninguém. Que a tua produção seja como um novo fenómeno da natureza. Leonardo da Vinci
terça-feira, junho 02, 2009
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